O retrato, enquanto forma pictórica de evocar a presença do retratado, é um dos pontos mais importantes do meu trabalho. Essa presença (representada), cujo processo de construção tem um tempo e um espaço específicos, assenta na intensificação da experiência de pintar directamente do natural. Quanto mais viva é essa experiência, quanto maior é a atenção dedicada ao acto de pintar, à captação de uma realidade através dos sentidos (intuição), mais presente se torna a capacidade de a pintura ultrapassar o meramente óptico; a presença do retratado vai emergindo assim do acumular de camadas, não como resultado da procura do parecido, mas como consequência do "diálogo" entre modelo e pintor.