Sinopse
O mérito do livro de Helena Ribeiro dos Santos consiste precisamente em pôr em relevo a construção de um dos primeiros projectos urbanos de uma grande cidade capital moderna. Muito antes das paradigmáticas capitais do crescimento ilimitado e do industrialismo do século XIX – Londres, Paris, Barcelona ou Viena – Portugal defronta-se com a reconstrução da capital do seu antigo império. Fá-lo pela mão de Manuel de Maia, de forma tão firme e decidida, como só é possível quando um projecto amadureceu e tem a sua própria história, quando um projecto criou a sua cultura e foi dotado do conhecimento necessário para ser levado a término ou, pelo menos, iniciado, de forma segura e consistente. Quando foi sendo aperfeiçoado desde muito antes da grande desgraça que o tornou necessário, como o demonstram alguns projectos anteriores para mudar a localização do palácio real e ampliar a capital, ou o levantamento topográfico rigoroso da cidade, pelo próprio Manuel da Maia, que é muito anterior à tripla calamidade constituída pelo terramoto, o tsunami e o incêndio, e que foi o referencial necessário para a sua reconstrução.
Ferran Sagarra
