Imagologia e Mitos Nacionais: O Episódio dos Doze de Inglaterra na Literatura Portuguesa (c. 1550-1902)e o Nacionalismo (Colonial) de Teófilo Braga
Imagologia e Mitos Nacionais: O Episódio dos Doze de Inglaterra na Literatura Portuguesa (c. 1550-1902)e o Nacionalismo (Colonial) de Teófilo Braga
Rogério Miguel Puga
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Sinopse
O presente trabalho é uma versão revista e aumentada da dissertação de mestrado em Estudos Anglo-Portugueses que redigimos, sob orientação da Professora Doutora Maria Leonor Machado de Sousa, e que defendemos na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, no final de 2006.
Posteriormente, decidimos partir dessa versão original, que se deteve sobretudo nas temáticas associadas às relações anglo-portuguesas no poema narrativo Os Doze de Inglaterra (1902), de Teófilo Braga (1843-1924), para analisar os auto-/hetero-estereótipos (imagens nacionais) e a ideologia nacional(ista) da obra, que recupera um antigo mito nacional histórico-literário. A dimensão histórica do tema dos Doze já foi abordada, sobretudo no que diz respeito à versão original quinhentista, por Artur Magalhães Basto (1935) e por Carlos Riley (1988), sendo nosso objectivo demonstrar a utilidade da imagologia para o estudo de auto- e hetero-estereótipos ou imagotipos veiculados por mitos nacionais, bem como proceder a uma análise transtemporal da iconoesfera do episódio-mito na literatura portuguesa, e especificamente em Doze de Inglaterra (DI).
Ao longo da primeira parte deste trabalho estudamos as variantes do tema desde o século XVI no que diz respeito aos protagonistas, ao espaço e ao tempo da acção e aos estereótipos nacionais, elementos que, como veremos, são revisitados ao longo de quatro séculos por diversos autores, permitindo-nos essa abordagem analisar as inovações e as temáticas de DI na segunda parte. Doze anos após o Ultimato britânico e oito antes da implantação da República Portuguesa, Joaquim Teófilo Fernandes Braga publicou DI, que seria o volume quarto da colecção «Alma Portuguesa: Rapsódias da Grande Epopeia de Um Pequeno Povo», a qual foi descrita como uma obra “grandiosa pela concepção mas de realização frouxa” por Jacinto do Prado Coelho, que, tal como A. Machado Pires, defende que o seu autor “não tinha o dom da poesia”. A estrutura (divisão em cantos e invocação) e a temática do texto aproximam-no da epopeia camoniana, estratégia intertextual que será fácil de entender se recordarmos que o episódio dos Doze, “epicamente detalhado no livro de Theophilo Braga”, é representado pela primeira vez em Os Lusíadas, se exceptuarmos a breve e anónima relação quinhentista (c. 1550), que também analisaremos sumariamente.
Como veremos, o mito literário em questão celebra e ficcionaliza, desde o século XVI, o início das relações anglo-portuguesas, a Casa de Avis e as famílias Coutinho e Vaz de Almada, sendo, sobretudo após 1890, utilizado também para criticar a Grã-Bretanha, a velha aliada de Portugal, no âmbito do nacionalismo colonial.
Detalhes
Autor: Rogério Miguel Puga
Edição/reimpressão: 2014
Formato: 170 x 240 x 10 mm
Páginas: 192
Tipo capa: Capa mole
Editor: Caleidoscópio
ISBN: 978-989-658-270-8