Obliqua Mente: Literatura e Identidades
Obliqua Mente: Literatura e Identidades
Isabel Allegro de Magalhães
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Sinopse
A linha geométrica designada como oblíqua parece tornar-se aqui fecunda, já que qualquer aproximação a uma obra de arte, e de entre as diferentes artes, à literatura em particular, usará irremediavelmente de um filtro ou viés que é o da subjetividade tanto a de quem lê e comenta como a do próprio sujeito artista. Por isso, razão parece terem os versos de Emily Dickinson, quando neles se aconselha procedimentos oblíquos no discurso, embora o contexto em que a declaração é feita mostre a intenção de obliquidade como apenas uma possibilidade entre outras.
Julgo porém não ser possível existir arte sem subterfúgio ou fingimento, mesmo quando nela se confessa dizer a verdade (e até aí, sobretudo aí, o fingimento é necessariamente maior). No seu penúltimo romance – "Irene ou o Contrato Social" – Maria Velho da Costa assegura que: "a arte não é nada à vida". Mas como isso não é totalmente evidente, nem para a própria escritora que, num outro livro – "O Mapa Cor de Rosa", garante o oposto: "Tudo, tudo é autobiográfico". Entre tantos mais exemplos, Gertrud Stein escrevera: "You are of course never yourself".
E Fernando Pessoa, nestes conhecidos versos do poema que tem por título, et pour cause, "Autopsicografia": "O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente".
Além disso, também quem pensa e escreve sobre qualquer forma de arte, apesar do seu eventual desejo de objetividade, vê, ouve, lê, escreve de modo oblíquo em relação àquilo que comenta. É que não se pode dizer o quer que seja sem algum enviesamento, dada a inevitável projecção da própria subjetividade na leitura e perceção seja do que for.
Detalhes
Autora: Isabel Allegro de Magalhães
Edição/reimpressão: 2019
Formato: 170 x 240 x 16 mm
Páginas: 176
Tipo capa: Capa mole
Editor: Caleidoscópio
ISBN: 978-989-658-580-8